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Como se Faz Fantasia

Yggdrasil

Publiquei no Digestivo Cultural a crítica A Fantasia Verossímil, ou: Thor, abordando nem tanto o filme, mas sim quais os seus elementos que nos permitem explorar como histórias de fantasia são criadas — quais suas balizas, suas condições de possibilidade. Eu escrevi:

A fantasia é algo que funciona apenas como um sistema restrito de coerências, dependente de um público. (…) A fantasia atrai para que o leitor crie a fantasia. Pelo que somos atraídos, levando em conta Thor? Por um divino que seja menos transcendente; por uma visão de governo e ciência como insondáveis. Há de se ver ecos disso em diferentes âmbitos da sociedade.

Escrevi sobre Thor também em outra oportunidade, com foco no debate em que a película foi envolvida e que tratava de racismo e ação afirmativa.

Rumos Cinema e Vídeo 2009-2011

Entrevistas com os selecionados do edital 2009-2011 do Rumos Cinema e Vídeo, para o DVD da exposição dos resultados finais. Entre cineastas, artistas visuais, arquitetos e programadores, conversei com Julia Mariano, do grupo realizador de Sinfonia; Sandro Canavezzi, de Pelas FendasRaimo Benedetti, de Sequenze; Arthur Omar, de Alquimia da Velocidade; Daniel Lisboa, de Cellphone; Kátia Maciel, de Casa-Construção; André Guerreiro Lopes, de O Voo de Tuluqac; Gustavo Melo Alessio Slossel, do grupo realizador de Travelling Zona Norte; Luiz duVa, de Storm; Daniel Lima, de O Céu nos Observa; Inês Cardoso, de Museu dos Corações Partidos; Gabriel Menotti, de 0fps: Southbank; Gabriel Gutierrez, do grupo realizador de Polivolume: Conexão Livre; Alessandra Colassanti e Samir Abujamra, de A Verdadeira História da Bailaria de Vermelho; Andréia Midori Simão e Thiago Faelli, de A Redação; os coletivos Lat 23 (representado por Denise Agassi e Marcus Bastos), de Cidades Visíveis, e casadalapa (por Fernando Sato), de Enquadro; o Grupo do Desassossego (por Felipe Bragança e Marina Meliande), de Desassossego – Filme das Maravilhas; e a dupla Cinemata (formada por Cinthia Marcelle e Tiago Mata), de Plataforma.

Elefante, Saramago, Realengo

ElephantPubliquei no Digestivo Cultural a crítica Perfil Indireto do Assassino, sobre o “Massacre do Realengo“, tragédia em que Wellington Menezes de Oliveira invadiu uma escola e assassinou doze adolescentes. O texto procura explorar, de longe, a psicologia do criminoso, através do filme Elefante, de Gus Vant Sant. Eu escrevi:

Tiros em Columbine identifica culpados e vislumbra ações políticas que nos dariam a capacidade de evitar tragédias semelhantes no futuro. A produção de Gus Van Sant no máximo define os limites de um mistério, no qual não penetramos e através do qual o que vemos é, no mais das vezes, o que está em nós mesmos. Se olharmos tempo demais o abismo, perceberemos, como em O Alienista soturno, que há sinais de assassino em todos nós? Se se puder responder positivamente a essa pergunta, a questão que emerge é, então, qual a distância entre qualquer um e Wellington.

O Sentido Intenso da Arte

Cisne Negro

Publiquei no Digestivo Cultural a crítica Bailarina salta à morte, ou: Cisne Negro, sobre o filme de Darren Aronofsky. O texto se insere no debate sobre a obra, ao mesmo tempo resenhando-a e rebatendo as críticas a ela. Eu escrevi:

O longa é um drama contado com elementos do suspense e do terror, assim como é uma releitura de um trabalho clássico (O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky); possui elementos técnicos de destaque, ao passo em que seu roteiro cai por vezes no clichê. É uma narrativa que se frui pela superfície, com seu potencial de tensão e choque, e uma obra que trata de aspectos fundamentais da arte: a autodestruição como forma de criação, as frações de vida cifradas em símbolos, o (des)equilíbrio entre razão e sentimento. 

Racismo (?) e Cinema

ThorPubliquei no Digestivo Cultural o artigo Ação Afirmativa, Injustiça Insuspeita, sobre o imbróglio em torno de Thor, pelo filme ter elencado um ator negro para o papel de um dos deuses de Asgard. Tentei fugir das definições mais enrijecidas do que é racismo ou não e sugerir uma análise caso a caso. Eu escrevi:

Os conservadores acertam quando falam de insulto. Considere um orixá branco aparecendo improvável em uma adaptação de Jorge Amado. Guardadas as diferenças históricas citadas, soa como se algo muito próprio de alguém tivesse sido roubado. O povo ancestral de quem surgiu essas crenças acreditava em deuses que lhe eram semelhantes. Tolo quanto possa parecer, pouco relacionados aos nórdicos quanto possam ser, é justo que esses americanos se sintam ofendidos. Se enxergamos racismo incrustrado na mídia pela onipresença branca, é porque entendemos que esse povo está espoliado de algo que é importante. Se queremos que haja liberdade de culto e reconhecimento para o candomblé e a umbanda, é pelo cárater único dessa cultura. Há algo na mitologia nórdica a que alguém possa se referir orgulhoso, e esse alguém não quer que isso seja transfigurado de qualquer forma.